A INUTILIDADE DO PALAVRÃO

 

desordem

 

     Eu cá não gosto de ouvir palavrões. Não são exatamente música aos meus ouvidos. E não os uso, seja contra o que for. Mas há quem não se importe com eles. Digo sempre o que quero dizer, mas sem usar palavrões. E isso não se explica pelo fato de que eu seja uma exceção muito estranha entre todos os que fazem as regras ou porque eu seja de muito antigamente. “Antigamente” os palavrões também podiam ser ditos e ouvidos, inclusive nas ruas dos melhores bairros, inclusive nas Escolas, inclusive nas casas de famílias muito tradicionais e supostamente muito bem educadas. A explicação se encontra no fato de que, no meio muito e muito reduzido em que vivo e sempre vivi, os palavrões são desnecessários e apenas atrapalhariam a comunicação, porque eles causam emoções desnecessárias e reações inúteis – procuramos usar frases inteiras, com muitas palavras, procuramos bem articulá-las, para que elas bem exprimam idéias, não apenas sirvam para extravasar emoções incontidas, por mais que sejam justificáveis. As emoções, sendo emoções e nada mais, precisam ser controladas. Para que as idéias ganhem em conteúdo e possam mais avançar.

 

      Por outro lado, após acompanhar a demonstração de selvageria nos “escrachos” contra antigos agentes do Estado brasileiro promovidos, estimulados ou bem tolerados pela esquerda que, com tanto ardor, apóia Rousseff e/ou “ex”-guerrilheiros ou revolucionários de araque, afirmaria que essa gente toda que agora resolve pedir do povo muita elegância e muito refinamento não só não tem razão alguma como continua demonstrando, mais uma vez, que não tem a mais mínima noção do que seja conseqüência. Esses indivíduos ou grupos todos deveriam hoje estar sendo considerados, por qualquer um de bom senso, bem mais daninhos em todos os sentidos que a dita “oposição” que xingou a Presidente da República. A dita “oposição”, porém, resolveu dar demonstrações de que a eles se iguala.

 

      Quem xingou Rousseff no Itaquerão nada fez de bom ou de útil. Quem xingou Rousseff, ao contrário dos vigilantes do bom mocismo politicamente correto, não se encontra organizado, imagina que a vida se reduz a cada um por si e por suas próprias “liberdades” e um “líder” por todos, não sabe o que pode ou deve exigir de um Governo. Nenhuma situação de crise ou de risco resolveu ou tentou ajudar a resolver. Acredita em contos de fada como se fossem a realidade, grita contra tudo e contra todos, dependendo do estímulo que lhe é dado a cada momento, sem saber a favor de que exatamente deveria estar realmente lutando com todas as suas forças. No Itaquerão, apenas adotou a “baixaria” como padrão aceitável de participação política, quando não desejável, e fez um escarcéu vazio de objetivos, oferecendo ao mundo um espetáculo “de massa” não apenas de extremo mau gosto, que combinou perfeitamente com o medonho espetáculo da abertura oficial da Copa, como, pior, de absoluta irracionalidade.

 

      Rousseff não é apenas Rousseff – diga o que diga, faça o que faça, Rousseff hoje representa o Estado brasileiro entre os que representam os demais Estados. O Estado brasileiro somos nós. Estado que a maioria de nós mesmos quer mais é que se lixe e desapareça, considerando que não nos faz falta. Rousseff representa o Estado brasileiro porque assim o permitiu quem imagina que “faz Política” gritando palavrões e externando emoções. Permitiu porque nunca soube o que deveria querer.

 

      Devemos afastar Rousseff e seu Partido do poder? Devemos. Com inteligência, unindo forças e vontades, da forma mais racional possível, em torno daquele que se mostrar mais perto de derrotá-los. Mas buscando definir que é exatamente o que queremos ser, sem nos limitarmos a querer trocar seis por meia-dúzia.

 

      Nesse quadro, que tem a ver o mundo com nossos problemas internos? Nada. O mundo todo, no entanto, ao nos ver xingando a Presidente, cuja figura política, por si mesma, já é de um ridículo mais que suficiente, deve ter apenas dado boas risadas. Como sempre vem fazendo. De nós. Porque nós mesmos lhe damos os pretextos e os motivos. E damos de sobra.

 

      Que deixemos de dar. É mais que hora de tomar juízo. Definitivamente. 

 

 

  

 

 

 

 

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