UMA QUESTÃO NÃO SÓ TEÓRICA COMO DE PRINCÍPIO

 

 

 

Ninguém sabe com que velocidade o Partido dos Trabalhadores vai implantar as mudanças que levarão o Brasil a um regime mais explicitamente totalitário. … O que separa a sina do Brasil da apavorante realidade da Venezuela é o fato de que o Foro de São Paulo, por meio do Partido dos Trabalhadores, ainda não dominou completamente a mídia, nem as Forças Armadas, nem as forças policiais do país. Então, para nós que lutamos pela liberdade e pela democracia no Brasil, é uma corrida contra o tempo.” veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2014/11/14/deu-na-canada-free-press-o-caminho-do-brasil-para-o-comunismo-bolivariano-vamos-traduzir-para-o-jo-soares

 

 

      Nada, absolutamente nada justifica – não se justifica em absoluto, portanto – que alguém que goze de alguma inteligência e algum equilíbrio emocional ainda se iluda ou tente iludir os demais, minimizando a quantidade e a gravidade dos problemas que se acumulam em nosso País – que o vai deixando de ser antes mesmo de que tivesse a oportunidade de plenamente ter sido.

 

      No processo de desmanche do Estado brasileiro, desencadeado há mais de século (ninguém perdoa Floriano Peixoto…!), a eleição de Aécio poderia ter rompido alguns esquemas e nos ter permitido alguma sobrevida. A reeleição de Rousseff inaugurou uma nova fase desse mesmo processo em que não mais se trata de tentar corroer as Instituições – trata-se agora de imporem-se, na conversa ou na marra, doa a quem doer, os objetivos “soberanos” de um grupo de indivíduos cujo único “mérito” é ter participado de ações armadas ou não, em conjunto ou não, contra o Estado brasileiro. A associação com inequívocos fins lucrativos que esses indivíduos celebraram substituiu o Estado, pôde deturpar por completo suas funções e exerce o Poder acima de tudo e de todos porque a Sociedade que se formou em nosso território nunca teve consciência desse Estado. Assim, suas Instituições puderam ser todas corroídas e esfarelaram-se por completo – hoje são “empresas”, redutos de “companheiros”.

 

      Apesar de que alguns, percebendo que já lhes falta o chão antes mesmo que lhes falte o pão, ainda esperem uma reação não se sabe bem vinda de onde pois não há qualquer indício de uma organização que vise à reconstrução do País, eu diria que a prova mais contundente da impossibilidade de reversão do avanço desse processo é a facilidade com que os “libertários” continuam ganhando espaço nos meios de comunicação, nas Artes, na Imprensa, nas Escolas, nas Universidades, mesmo aqueles que simulam combater a situação, e a passividade com que as FFAA aceitaram a indicação de Rousseff para o Ministério de Defesa, pondo-as em um escandaloso nocaute técnico.

 

      Sustentam esse processo os mesmos elementos que o detonaram – o não sabermos quem somos, o não sabermos avaliar o que podemos e devemos ou não devemos nem podemos querer, o não termos um objetivo conjunto, o nada sabermos de Política, o não querermos saber e o sempre termos tido raiva de quem sabe – que se resumem em o não termos um projeto de Nação. Livremente esse processo avançou a passos largos, pouco importando a velocidade que imprimiu a esse avançar – reduzia quando havia oposição, acelerava quando a oposição se recolhia, mas jamais foi interrompido. Aos que dele se beneficiam de uma forma ou de outra, por condições de poder ou de status, o Brasil pouco importa. O que importa é seu próprio bolso. Por isso é tão importante lutar contra o tempo.

 

      A pretexto de apontar a má-fé, inequívoca, de Dilma Rousseff e de combater seu discurso prepotente e vazio em ação de reiteração de posse (e foi isso mesmo o que eu quis dizer), e, de quebra, criticar a nomeação, para compor seu novo Ministério, de alguns que já se demonstraram suficientemente incapazes de articular coisa com coisa, um esperto “cidadão do mundo”, a soldo de sei lá quem, escreve um dos textos mais cretinamente desagregador que já tive a oportunidade e o desprazer de ler. E considerem que já li e tenho lido muitos nesse mesmo estilo.

 

      Esse texto, no entanto, por ser “contra o governo do PT”, será celebrado, aplaudido e bastante divulgado. Porque é “contra o governo do PT”… Como se bastasse ser “contra o governo do PT” para que alguma coisa tivesse algum valor…

 

      Todos nós, inclusive os próprios petistas militantes, sabemos que não é possível avaliar o governo de Rousseff pelo que Rousseff diz (ou pelo que os petistas dizem) que ele é – o governo de Rousseff deve ser avaliado apenas pelo que o governo de Rousseff faz. Tal como todos os nossos anteriores governos significaram exatamente o que esses governos fizeram, não o que pôde ser dito a respeito deles. Seja o que for que Rousseff diga, portanto, seu discurso mais recente valerá tanto quanto o primeiro e todos os demais discursos com que já nos vem brindando nos últimos quatro anos. Nenhuma expressão nova ou diferente sendo incluída em qualquer frase terá o condão de emprestar às suas atitudes ou às suas intenções qualquer sentido novo ou diferente.

 

      Ao ouvir de Rousseff, porém, a expressão “alma coletiva”, que nenhuma surpresa nos traz, teorizou o Sr. Claudio Tignolli (texto na íntegra abaixo): “O Brasil precisa de almas individuais, sem raízes, que defendem uma cultura universal, planetária, sem barreiras. Individualismo dá prêmio Nobel: não o contrário.”

 

     Por acaso, “almas individuais, sem raízes, que defendem uma cultura universal, planetária, sem barreiras” foram alguma vez capazes de construir, em algum território, um bom País, um País sério? Desde quando? Onde? Qual bom País pôde ser construído por essas “almas individuais”? Se elas alguma coisa construíram, construíram para quem?

 

      Ao escrevinhar esse seu artiguete, que nos quis dizer exatamente o Sr. Claudio Tignolli (que, de curiosa, fui ver quem é e o que faz em http://www.portaldosjornalistas.com.br/perfil.aspx?id=12587)? Eu aqui poderia repetir, acrescentando-lhes uma interrogação, as palavras que ele mesmo usou: “ninguém reparou”? Mas nem vale a pena perder tempo buscando definir o que seja essa tal alma individual porque a questão levantada pelo Sr. Tignolli, apesar de parecer ser, não será uma questão espiritual ou emocional. Não será um conflito entre as almas coletivas e as almas individuais. A questão é bem outra – é uma questão de ordem essencialmente ideológica. Eminentemente política, portanto.

 

      O que ele nos quis dizer foi que defender, investir e apostar no desenvolvimento de uma estrutura nacional será manipular “um ‘fator’ psíquico de natureza irracional, um ciclone que anula e varre para longe a zona calma onde reina a cultura” (??); que quem o fizer estará favorecendo o surgimento de um regime totalitário, de um “caudilho”, será necessariamente um “nazista”, um “fascista”, um “comunista”, um “fundamentalista” e/ou outras bobagens (digamos “bobagens” para dizer o mínimo…) que tais, estará pregando uma “fé religiosa” – muito  embora, no frigir dos ovos, ele tenha desejado apenas propagandear aquilo em que ele mesmo crê ou algo em que diz crer por alguma particular conveniência. 

 

      Que princípio teria orientado essa teoria do Sr. Claudio Tignolli? Teria tomado a Anarquia como um princípio? Difícil dizer. Ele apenas teorizou teóricos e teorizou teorias. Teorias são teorias, não são princípios, assim como não são fatos. Um princípio regerá os fenômenos que ocorrem nos limites de sua alçada. Uma teoria procurará explicar como se comportam os fenômenos em relação a esse princípio, em relação aos fatos e a outros fenômenos, criando outros fatos. Os princípios, se princípios de fato forem, serão muito poucos, e serão eternos, pois “princípios” eles serão, servindo ao bem ou servindo ao mal. E, por serem princípios, é de se supor que sejam conflitantes, absolutamente incompatíveis entre si. Já as teorias são incontáveis e, mesmo partindo de princípios incompatíveis, muitas vezes mostrar-se-ão, em muitos pontos, perfeitamente compatíveis.

 

      É inegável que as teorias nos são muito úteis. Foram pensadas, repensadas e nos ajudam a pensar. Mas só um estúpido absoluto não sabe que todo e qualquer enunciado teórico será datado, pois depende de observação, de experiências, de conhecimento acumulado, portanto, não é que toda e qualquer teoria seja relativa, mas sim que terá valor relativo ao ser aplicada à realidade presente. E só alguém muito mal intencionado haverá de apresentar teorias datadas como se fossem elas algum princípio, sugerindo que se lhes dê atenção suficiente a que as demais teorias sejam desprezadas a priori – e isso será feito para que possa fazer valer as suas particulares verdades que, muitas vezes, não passam de opiniões rasas, de meras preferências, sem qualquer outro fundamento que uma estética de gosto até meio duvidoso. E só um estúpido muito estúpido há de crer nessas verdades sem questioná-las, apenas porque lhe seja dito que uma teoria qualquer as respalda, mesmo que essa teoria goze de aceitação pretensamente universal.

 

      Pensemos um pouco – porque pensar, sim, faz falta e, se a Liberdade é importante, nenhum Homem será livre se não for livre de dogmas o seu pensamento. Se a colaboração a um processo de implosão ou deterioração de nosso País, se a cumplicidade com que a sua integridade territorial e a nossa identidade sejam eliminadas do mapa forem condição a que sejam reconhecidos quaisquer méritos a qualquer indivíduo, definitivamente não nos faz falta alguma que algum brasileiro receba qualquer prêmio internacional. Por que precisaríamos de um prêmio Nobel? A Argentina recebeu cinco desses prêmios. E daí? Nossos amados vizinhos sabem mais, podem mais, são mais capazes, mais inteligentes que nós, brasileiros? Aquele país está em melhores condições que o nosso? Em compensação, alguns brasileiros que só atrapalharam o Brasil ganharam vários outros prêmios internacionais… De que esses prêmios individuais nos valeram?

 

      Ao Brasil, só lhe faz falta ser, ser plenamente Brasil, e que tenhamos plena consciência de que somos brasileiros e dependemos de que o Brasil seja de fato o Brasil. E, para tanto, se, realmente, não precisamos de matilhas culturais, sejam elas de quais tendências forem, menos ainda precisaremos de almas planetárias, sem raízes, sem barreiras, curtas, mesquinhas, individualistas.

 

      Muito pelo contrário, dessas almas todas o Brasil já se vê entupido faz tempo. Elas nos saem, literalmente, pelo ladrão. Almas malditas que se encarregam constante e diligentemente de umedecer a farofa de letrinhas que entulha nossos meios de comunicação, da qual só os fungos se aproveitam, pois dela se nutrem, nela se criam e proliferam. Por isso, exatamente, por nada mais, o Brasil, sendo o que é, pode estar como está, pôde eleger os governos que já elegeu e poderá eleger os que, infelizmente, por certo, ainda elegerá enquanto, mal e mal, sobreviver.

 

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Sent: Saturday, January 03, 2015  To: undisclosed recipients 

 

Saiba porque Dilma citou “alma coletiva” em seu discurso de posse

Por Claudio Tignolli

NINGUÉM reparou no seguinte trecho do discurso de posse de Dilma: “O nome de milhões de guerreiras anônimas que, voltam a ocupar, encarnadas na minha figura, o mais alto posto de nossa grande nação. Encarno outra alma coletiva que amplia ainda mais a minha responsabilidade e a minha esperança”.

Note bem o termo empregado: alma coletiva. O ghost writer do discurso de Dilma deixou bem claro a quem o termo alma coletiva se endereça.

Quem entende o mínimo de história do Brasil, e o mínimo de filosofia, deve ter tido um repuxão, um vazio no fígado, um bolo duro na garganta, ao ter ouvido o termo. Porque “alma coletiva” é definição empregada pelo nacional-socialismo, pelos nazistas, pelos caudilhos. Pelo totalitarismo religioso, enfim.

Quem mais entendeu sobre alma coletiva no Brasil foi o embaixador José Osvaldo de Meira Penna, sobretudo em sua obra “Em Berço Esplêndido” (Editora Topbooks, 1999). Meira Penna mostra, como ninguém, que Getúlio Vargas, exatamente quando o Eixo assombrava o mundo na Segunda Guerra, vendia, a torto e a direito, a ideia de “alma coletiva”.

Meira Penna dissecou como ninguém os perigos da “alma coletiva” ser defendida no Brasil. E foi beber na origem de quem apontava os perigos na alma coletiva na política:  Karl Jung.

 Escrita em 1936, a obra Wotan, de Jung, deixa claro os perigos da alma coletiva em política: “A a psicose coletiva alemã surge a partir do louvor da imagem arquetípica de Wotan, deus nórdico pagão dos germânicos, das tempestades, da efervescência, da inspiração e da guerra”.

Segundo Jung, de Wotan corresponde a “uma qualidade, um caráter fundamental da alma alemã, um “fator” psíquico de natureza irracional, um ciclone que anula e varre para longe a zona calma onde reina a cultura”.

Tem muito líder religioso fundamentalista que adora também o termo alma coletiva. Mas o vende como “egrégora”. Do grego egrêgorein, «velar, vigiar”, é a soma de energias coletivas.

O Brasil não precisa de conceitos de coletividades, de “raízes nacionais” (como defenderam a vida toda os hoje ministros da Cultura, Juca Ferreira, e da Ciência, Aldo Rebelo). Quem tem raiz é planta. Coletivo é ônibus, bonde, trem e metrô.

O Brasil não precisa de “coletivos”, de “matilhas culturais”, aliás nomes que você encontra em vários blogs, que defendem cegamente o PT, e vivem de grana pública.

O Brasil precisa de almas individuais, sem raízes, que defendem uma cultura universal, planetária, sem barreiras. Individualismo dá prêmio Nobel: não o contrário

Quem mais criticou o conceito de alma coletiva, aliás, foi o negro mais brilhante dos EUA: W.E.B. Du Bois, homem de Harvard, estudado na Alemanha. Referia que a “alma vital”, a que em alemão ele chamava de “seleleben”, ia pelo individualismo. (“O futuro será, muito provavelmente, o que as minorias raciais individualmente fizerem dele”, notou Du Bois em sua obra The Negro, 1915).

Dilma vai contra tudo isso, indica o discurso de posse.

E vou te dizer porque: porque, na brasilidade mais profunda, seja sob o PT do Mensalão barra Petrolão, seja sob o tucanato Alstom, alma coletiva quer dizer que todos bebem da mesma fonte.

Veja bem: Dilma nomeou um ministério pífio para fazer favores políticos. Que, além das benesses auferidas pelas indicações de titulares e apaniguados, são pagos pela distribuição de grana.

O Mensalão foi a pré-fixação dos pagamentos demandados pelos políticos coligados e de ocasião. O Mensalão tinha valores combinados, datas de pagamento, locais de saque. Era a corrupção tópica: local e hora de saque previamente combinados. Ainda que com uma logística complexa de repasses.

Petrolão foi a mesma coisa: as almas coletivas indo sacar o prometido. Mas, desta vez, direto no caixa da Petrobras, sem uma lógica de assalto medieval tecnicamente tão intricada como a do Mensalão.

Agora você entende o que é a “alma coletiva” ?

Veja como publicado:

https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/saiba-porque-dilma-citou-alma-coletiva-em-seu-173458200.html

 

 

 

  

 

 

 

 

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